RESUMO
INTRODUÇÃO: Pacientes com estenose áortica e disfunção ventricular esquerda tem indicação de intervenção precoce e são considerados de maior risco para cirurgia de troca valvar, quando comparados a pacientes com função ventricular preservada. Recentemente, a pandemia de Covid-19 resultou em dificuldade de acompanhamento destes pacientes, postergando-se a indicação cirúrgica. Neste cenário, a TAVI mostra-se uma opção segura de tratamento, porém dados referentes ao tratamento de pacientes com disfunção ventricular esquerda grave (35%) são escassos. MÉTODOS: De 15/09/2020 a 24/03/2022 durante a pandemia - foram analisados 78 procedimentos de TAVI. Selecionamos nove pacientes (pts) com disfunção ventricular grave (definida como fração de ejeção (FEVE) 35%), cuja indicação de TAVI foi referendada em Heart Team. RESULTADOS: A média de idade foi de 69 anos, sendo 67% masculinos; o escore STS médio foi de 4,1%; 78% dos pcts apresentaram-se em classe funcional três (NYHA). O gradiente médio e a área valvar aórtica pré procedimento foram de 56 mmHg e 0,56 cm2, respectivamente. Todos os procedimentos foram realizados com abordagem simplificada e minimalista. O sucesso do procedimento foi obtido em todos os casos. Apenas um paciente necessitou de implante de marcapasso definitivo (MP). Em quatro de oito pacientes ocorreu melhora da FEVE, considerada como a elevação de pelo menos 5%, em um dos casos a FEVE retornou a níveis normais após um mês de seguimento; com exceção do paciente que necessitou de MP e teve internação hospitalar prolongada, a média de internação foi de dois dias. No seguimento de um mês não foram observados eventos adversos de acordo com os critérios do VARC três. Oito dos nove pacientes apresentaram melhora clínica (com classe funcional NYHA 1) no follow-up e nos critérios ecocardiográficos. Os dados acima estão apresentados na tabela anexa. CONCLUSÃO: Na população de pacientes com estenose aórtica grave e sintomática associada a disfunção ventricular grave, a TAVI se mostrou um tratamento seguro e eficaz, com melhora clínica e ecocardiográfica notada precocemente.
Assuntos
Estenose da Valva Aórtica , Disfunção Ventricular , Substituição da Valva Aórtica Transcateter , COVID-19RESUMO
INTRODUÇÃO: O surgimento de distúrbios de condução e a necessidade de implante de marca-passo (MP) definitivo estão entre as complicações mais comuns relacionadas ao TAVI. Na aplicação do TAVI minimalista - em que se objetiva alta hospitalar oportuna < 48 horas - tais complicações são de central importância, e sua ocorrência deve ser monitorada sistematicamente. OBJETIVO: Avaliar a prevalência de alterações eletrocardiográficas sabidamente preditoras de distúrbios de condução após TAVI e a incidência de MP definitivo em até 30 dias após o procedimento, em pacientes (pctes) não-selecionados submetidos a TAVI minimalista em um hospital terciário do SUS. MÉTODOS: Estudo observacional e prospectivo, com inclusão de pctes consecutivos submetidos a TAVI minimalista no período de Set/2020 a Jan/2022, com análise do ECG antes e após a TAVI conforme protocolo institucional. Verificado a presença de alterações de ritmo e bloqueios atrioventriculares (BAV) e intraventriculares e a indicação de MP definitivo durante a internação e um mês após a alta hospitalar. RESULTADOS: Foram avaliados 50 pctes, com média de idade de 79,2 anos, com STS médio de 2,64% e 20 (40%) mulheres. Próteses balão-expansíveis foram utilizadas mais frequentemente (76%). O ritmo e distúrbios de condução antes da TAVI encontrados foram: ⢠Ritmo sinusal: 41 (82%) ⢠Fibrilação atrial: 12 (24%) ⢠BAV 1 grau: 14 (28%) ⢠Bloqueio de ramo direito: 3 (6%) ⢠Bloqueio de ramo esquerdo: 7 (14%) ⢠Ritmo de MP: 4 (8%) A ocorrência de bradiarritmias que justificassem monitorização estendida e vigilância intra-hospitalar por ao menos 24 horas ocorreu em 7 (14%) pcts, sendo: ⢠Bloqueio atrioventricular total: 1 (2,5%) ⢠Bloqueio atrioventricular avançado: 1 (2,5%) ⢠Fibrilação atrial de baixa resposta ventricular: 2 (5%) ⢠Ritmo juncional: 2 (5%) ⢠Bradicardia sinusal e distúrbio de condução intraventricular: 1 (2,5%) Houve indicação de MP definitivo para 1 (2,5%) pcte. Não houve reinternação devido a distúrbios de condução ou implante de MP até 30 dias após a TAVI. CONCLUSÃO: Em nossa experiência, poucos pctes submetidos a TAVI com estratégia minimalista apresentaram distúrbios de condução necessitaram postergar a alta hospitalar. Apenas um paciente requereu implante de MP definitivo. A aplicação de protocolo institucional com alta hospitalar oportuna (<48h) não esteve relacionada à maior risco de distúrbios de condução em curto prazo (30 dias).
Assuntos
Marca-Passo Artificial , Doença do Sistema de Condução Cardíaco , Substituição da Valva Aórtica TranscateterRESUMO
INTRODUÇÃO: As biopróteses possuem durabilidade aproximada de 12 a 20 anos. Neste período, complicações relacionadas à degeneração protética podem exigir novas intervenções. Mas o elevado risco de uma reoperação, principalmente se o paciente estiver clinicamente descompensado, tornam a cirurgia convencional muito arriscada ou mesmo proibitiva. Neste cenário, o implante valvar dentro da bioprótese degenerada (valve in valve) se mostrou como opção alternativa e viável. Relatamos um caso de correção de insuficiência aórtica grave por falência estrutural de bioprótese através de valve in valve (ViV) com sucesso em paciente gravemente descompensado. DESCRIÇÃO DO CASO: Homem, 66 anos, hipertenso, implante de bioprótese aórtica e plastia mitral em 2011, devido dupla lesão aórtica e mitral, sem seguimento clínico. Procurou o pronto socorro por dispnéia aos mínimos esforços e anasarca há uma semana. Admitido em IC perfil B. Após tratamento com diuréticos, o ecocardiograma transtorácico (ecoTT) revelou: aumento atrial esquerdo importante (volume indexado de 96 mL/m²); fração de ejeção do VE (FEVE) de 45% - Simpson; bioprótese aórtica apresentava folhetos com hipermobilidade e prolapso, sugestivos de fratura, com refluxo importante, gradiente sistólico (GS) máximo de 69 mmHg, GS médio de 36mmHg e área valvar (AV) de 1,3 cm2. Valva mitral com aspecto de plastia exibindo refluxo de grau importante. Internado para programação cirúrgica a princípio, mas após discussão com Heart Team, e considerando STS de 27 %, indicada a realização de "Valve-in-valve". A angiotomografia com parâmetros anatômicos adequados para o tratamento percutâneo. Procedimento realizado com técnica simplificada e otimizada ("minimalista"), sob sedação. Gradientes pré implante de prótese: VE 120 x 15 mmHg e Aorta 100 x 30 mmHg. Implante de bioprótese Myval 20 e pós dilatação com cateter balão ATLAS GOLD 22 x 40mm com sucesso conforme parâmetros do ecoTT. Após implante valvar, novos gradientes foram adquiridos: VE 130 x 15 mmHg e Aorta 128 x 70 mmHg. Paciente evoluiu com melhora clínica significativa. EcoTT do 1o dia pós procedimento revelou refluxo mitral de grau discreto a moderado e ausência de refluxo aórtico, gradiente GS máximo 21 mmHg, GS médio 11 mmHg, AV 1,4 cm2. O paciente demostrou melhora rápida de sua classe funcional (CF I). CONCLUSÃO: No caso descrito, a realização de "Valve-in-valve" após complicação estrutural de bioprótese constituiu tratamento seguro, efetivo e alternativa à intervenção cirúrgica convencional.