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BVS Saúde dos Povos Indígenas

Informação e Conhecimento sobre a Saúde dos Povos Indígenas

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Tradição como transformação: práticas e conhecimentos sobre alimentação entre os Guarani da Tekoa Pyau (São Paulo/SP) / Tradition and transformation practices and knowledge about feeding among the Guarani in Tekoa Pyau

São Paulo; s.n; 2017. 144 p.
TeseemPortuguês |LILACS | ID:biblio-878838
Apresentada aUniversidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Nutrição para obtenção do grau deMestre. Orientador:Macedo, Valéria Mendonça de.
Introdução - Os Guarani da Tekoa Pyau, aldeia localizada no município de São Paulo, estão cada vez mais confinados em uma pequena área e ameaçados por disputas territoriais em razão da intensificação da ocupação urbana no entorno. A escassez de terra, que impossibilita muitas atividades tradicionais, e o afluxo crescente de pessoas e mercadorias da cidade fazem com que a vida na aldeia não prescinda de produtos industrializados. Uma grande dificuldade em manter a saúde dos corpos e da vida entre os Guarani é o acesso ao tembiu etei (alimento verdadeiro), cujo conceito perpassa questões políticas, ambientais, econômicas, espirituais, sociais e de saúde. Objetivos - Pesquisar práticas e conhecimentos sobre alimentação e comensalidade na conjuntura presente da Tekoa Pyau, considerando as singularidades dessa aldeia inserida na cidade de São Paulo. Metodologia - A etnografia foi escolhida como ferramenta metodológica para busca de compreensão de um mundo em que as práticas (aqui, particularmente, as da alimentação) só podem ser apreendidas em seus significados locais. As técnicas utilizadas foram a entrevista semiestruturada com moradores guarani e trabalhadores jurua (não indígena) da aldeia e a observação participante. Houve convívio no local e fortalecimento do vínculo que já foi estabelecido em atividades de anos anteriores. De posse desse material organizado, foi realizada análise. Resultados - Os Guarani da Tekoa Pyau se esforçam para manter forte o nhandereko (nosso modo de viver) nos diversos ambientes em que ocorrem transferências de saberes entre gerações: nas matas, quintais, casas, famílias, escolas, cidades, bem como em ocasiões cotidianas e rituais. Mas a vida nessa aldeia guarani na capital paulista também implica o manejo cotidiano de relações com pessoas, coisas e saberes jurua. Os Guarani categorizam os alimentos em morto e vivo, sendo o primeiro os alimentos comprados no mercado, empacotados e que enfraquecem os corpos; já alimentos vivos são extraídos da natureza e os fortalecem. Entre os vivos, existe o avaxi etei (milho verdadeiro), dádiva de Nhanderu (Nosso Pai, divindade) e base da alimentação tradicional Guarani. Moradores da Pyau se orgulham de buscar sementes em outras aldeias para plantar ou guardar e distribuir. Na categoria de alimentos mortos, aqueles açucarados e ultraprocessados são bastante presentes. Ao fazer dialogar o material etnográfico com as políticas que envolvem Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), pondera-se que não há consolidação da Vigilância Alimentar e Nutricional em sistema, mau uso de gerência pública com distribuição inadequada de fórmulas infantis, invisibilidade política, cestas básicas distribuídas sem frequência definida e com alimentos que não dialogam com a alimentação tradicional Guarani, além de poucos efeitos positivos das políticas do bolsa família e da alimentação escolar. Conclusão - Os Guarani Mbya buscam maneiras de não perder práticas e conhecimentos que fortalecem o corpo, particularmente na preparação dos alimentos, mesmo que os ingredientes sejam comprados. Seus saberes tradicionais se articulam e são a matriz de significação de práticas na conjuntura atual. Apesar do conceito de SAN estar embasado em concepções ocidentais, são necessárias alianças que se articulem ao nhandereko para a garantia da segurança e soberania alimentar
Biblioteca responsável: BR67.1
Localização:BR67.1; MTR2292