OBJETIVO:
Analisar características sociodemográficas e clínicoepidemiológicas dos
casos de
tuberculose e fatores associados ao abandono e ao
óbito na vigência do
tratamento.
MÉTODOS:
Estudo epidemiológico baseado em dados notificados de
tuberculose em
indígenas e não
indígenas, segundo
raça/
cor, em Mato Grosso do Sul, entre 2001 e 2009. Realizou-se
análise descritiva dos
casos de acordo com as variáveis
sexo,
faixa etária,
zona de residência, exames
empregados para o
diagnóstico, forma clínica,
tratamento supervisionado e situação de encerramento, segundo
raça/
cor. Utilizou-se
análise univariada e múltipla por meio de
regressão logística para identificar preditores de abandono e
óbito, e
odds ratio como
medida de associação. Foi construída
série histórica de
incidência, segundo
raça/
cor.
RESULTADOS:
Registraram-se 6.962
casos novos de
tuberculose no período, 15,6% entre
indígenas. Houve predomínio em
homens e
adultos (20 a 44 anos) em todos os grupos. A maior parte dos
doentes indígenas residia na
zona rural (79,8%) e 13,5% dos
registros nos
indígenas ocorreram em < 10 anos. A
incidência média no
estado foi 34,5/100.000 habitantes, 209,0; 73,1; 52,7; 23,0 e 22,4 entre
indígenas, amarelos, pretos,
brancos e pardos, respectivamente.
Doentes de 20 a 44 anos (OR = 13,3; IC95% 1,9;96,8), do
sexo masculino (OR = 1,6; IC95% 1,1;2,3) e de
raça/
cor preta (OR = 2,5; IC95% 1,0;6,3) mostraram
associação com abandono de
tratamento, enquanto
doentes > 45 anos (OR = 3,0; IC95% 1,2;7,8) e com a forma mista (OR = 2,3; IC95% 1,1;5,0) apresentaram
associação com
óbito. Apesar de representarem 3,0% da
população, os
indígenas foram responsáveis por 15,6% das notificações no período.
CONCLUSÕES:
Houve importantes desigualdades em relação ao adoecimento por
tuberculose entre as categorias estudadas. As incidências nos
indígenas foram consistentemente maiores, chegando a exceder em mais de seis vezes as médias nacionais. Entre pretos e pardos, piores resultados no
tratamento foram observados, pois apresentaram chance de abandono duas vezes maior que os
indígenas. O mau
desempenho do programa também esteve fortemente associado ao abandono e ao
óbito. Acredita-se que, enquanto não se reduzir a
pobreza, as desigualdades nos
indicadores em
saúde permanecerão.