Avaliar a
prevalência de
anemia, os níveis médios de
hemoglobina e os principais fatores nutricionais, demográficos e socioeconômicos associados em
crianças Xavante, no Mato Grosso,
Brasil.
Métodos:
Realizou-se
inquérito em duas
comunidades indígenas Xavante na Terra Indígena Pimentel Barbosa visando avaliar todas as
crianças < 10 anos. Foram coletados dados de concentração de
hemoglobina,
antropometria e
aspectos socioeconômicos/demográficos através de avaliação clínica e
questionário estruturado. Utilizaram-se os pontos de
corte recomendados pela
Organização Mundial da Saúde para a
classificação de
anemia. Análises de
regressão linear com
hemoglobina como desfecho e regressão de Poisson com variância robusta com presença ou não de
anemia como desfechos foram realizadas (IC = 95%).
Resultados:
Os
menores valores médios de
hemoglobina ocorreram nas
crianças < 2 anos, sem diferença significativa entre os sexos. A
anemia atingiu 50,8% das
crianças, sendo os < 2 anos mais atingidos (77,8%). A idade associou-se inversamente à ocorrência de
anemia (RP ajustada = 0,60; IC95% 0,38; 0,95) e os valores médios de
hemoglobina aumentaram significativamente conforme o incremento da idade. Os maiores valores de escores z de
estatura-para-idade reduziam em 1,8 vezes a chance de ter
anemia (RP ajustada=0,59; IC95% 0,34;1,00). A presença de outra
criança com
anemia no
domicílio aumentou em 52,9% a
probabilidade de ocorrência de
anemia (RP ajustada=1,89; IC95% 1,16;3,09).
Conclusões:
Elevados níveis de
anemia nas
crianças Xavante sinalizam a disparidade entre estes
indígenas e a
população brasileira geral. Os resultados sugerem que a
anemia é determinada por relações complexas e variáveis entre
fatores socioeconômicos, sociodemográficos e biológicos.