OBJETIVO:
Descrever a situação epidemiológica da
tuberculose, mapear a sua
incidência e investigar fatores associados ao abandono do
tratamento nos municípios do Amazonas que integram o Arco Norte da faixa de
fronteira internacional do
Brasil.
MÉTODOS:
Este estudo retrospectivo analisou características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas dos
casos de
tuberculose notificados no
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) entre 2001 e 2010. Utilizou-se
regressão logística para identificação de fatores associados ao abandono do
tratamento.
RESULTADOS:
Houve predomínio de
casos em
indígenas (51,9%), em
homens (57,9%) e em indivíduos na faixa de 25 a 44 anos (31,4%) de idade. A forma clínica predominante foi a pulmonar (89,7%). Mesmo assim, 24,5% dos
casos não realizaram baciloscopia de
escarro, e somente metade realizou
tratamento supervisionado. A alta por
cura representou 70,0% das notificações, e o abandono, 10,0%. Óbitos por
tuberculose e por outras
causas somaram 4,1%, e a
tuberculose multirresistente somou 1,7%. A
incidência média segundo
raça/
cor revelou-se maior entre os
indígenas, variando de 202,3/100 000 em 2001 a 65,6/100 000 em 2010. O abandono do
tratamento esteve associado à não
realização das baciloscopias de acompanhamento no segundo, quarto e sexto mês (OR = 11,9; IC95% 7,4 a 19,0); ao reingresso
pós-abandono (OR = 3,0; IC95% 1,5 a 5,9); e à residência em algumas sub-regiões, sobretudo no Alto Solimões (OR = 6,7; IC95% 4,6 a 9,8).
CONCLUSÕES:
Na porção amazonense do Arco Norte da
fronteira internacional do
Brasil, predominam elevadas taxas de
incidência por
tuberculose, sobretudo em
indígenas. As especificidades socioculturais dessas populações e o precário controle da
tuberculose na região determinam a necessidade urgente de integrar os diferentes
sistemas nacionais de saúde.(AU)